Acrescentou que o país vive um momento de inflexão tecnológica, política e económica, onde a inteligência artificial está a tornar-se o motor silencioso, mas decisivo da transformação global.
No seu entender, a IA pode ser tão transformadora quanto a Internet, mas, para isso, exige preparação, visão e compromisso.
“Mais recentemente, entrámos numa nova fase do desenvolvimento da inteligência artificial, a era da IA Generativa. Esta tecnologia, capaz de criar texto, imagem, som, código e até vídeo com base em simples comandos humanos, representa um salto qualitativo que redefine a própria natureza da criação e da análise computacional”, disse.
Reforçou que a IA Generativa não substitui a inteligência humana, mas expande o que pode alcançar, permitindo que um jovem empreendedor crie uma identidade visual profissional sem recorrer a agências dispendiosas, que uma escola rural produza materiais de ensino adaptados ao seu contexto ou que um ministério analise milhares de páginas legislativas em minutos.
Meick Afonso frisou que esta capacidade de amplificação cognitiva deve ser entendida como um activo nacional estratégico.
“Mas tal poder exige responsabilidade. A IA Generativa levanta questões legítimas sobre propriedade intelectual, desinformação e viés algorítmico”, advertiu.
Por isso, continuou, o compromisso com a adopção da IA deve ser acompanhado por políticas públicas robustas, por regulamentação clara e por mecanismos de transparência e auditabilidade.
Segundo o responsável, ignorar a IA Generativa seria abdicar de uma oportunidade histórica, “o nosso dever é compreendê-la, moldá-la e colocá-la ao serviço do desenvolvimento sustentável, da soberania digital e do bem comum”.
Meick Afonso entende que estes momentos não são apenas curiosidades tecnológicas, são sinais claros de que o futuro da produtividade, da competitividade e da soberania passa pela IA.
Para que a transformação digital produza resultados concretos e sustentáveis, segundo o director, é essencial consolidar um conjunto de fundamentos interdependentes, uma identidade digital segura e universal, que legitime o acesso aos serviços.
Disse ser importante também a existência de mecanismos eficazes de interoperabilidade, que permitam a partilha responsável e segura de dados entre instituições, a adopção estratégica de soluções de inteligência artificial para apoiar a decisão pública baseada em evidência.
Citou, igualmente, uma arquitectura de cibersegurança robusta, que garanta confiança e continuidade; e a expansão da conectividade, para que nenhum cidadão ou território fique excluído do novo modelo digital de desenvolvimento.
“A inteligência artificial não se limitará a automatizar tarefas. Ela redefinirá cadeias de valor, redes logísticas, políticas sociais, gestão do território, práticas jurídicas, e até mesmo o conceito de emprego”, enfatizou.