Em seis anos, a operadora detida maioritariamente pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) viu 79% dos seus subscritores abandonarem os serviços, ficando actualmente com apenas 520.959 cartões activos, em contra-ciclo com o crescimento do mercado das comunicações móveis em Angola.
A maior perda de utilizadores foi em 2019-2021, altura que a operadora perdeu 1,2 milhões de subscritores de rede móvel celular entre o final de 2019 e o 1.º trimestre de 2021, uma queda de 45% face a 2018.
A desistência dos serviços daquela que foi a segunda maior operadora do mercado provada pela baixa qualidade dos serviços de voz e internet, inflacionamento de preços, má gestão financeira e a crise económica também já empurraram os desistentes para portabilidade, isto é, já que empurraram os subscritores a optar por outra operadora. Neste período, o aumento generalizado dos preços, em Setembro de 2020, foi considerada a “gota de água” para a “tempestade perfeita” que levou à debandada de muitos utilizadores actuais.
Nos últimos seis anos, a intensa “luta” por quota de mercado, além de ameaçar a liderança da Unitel, levou inclusive à entrada pública de dados de infraestruturas roubadas da Angola Telecom, que estava tecnicamente desactualizada. Com a entrada da Africell, em 2022, a operadora que nasceu da Angola Telecom ainda foi mais penalizada.
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Hoje, o mercado tem 26 milhões de utilizadores de rede móvel – só desde que a Africell entrou no mercado, o número de subscritores em todo o País subiu 10,7 milhões – e espera-se que crescido em 2024, esse crescimento decresceu a um ritmo inferior do que aquele que foi verificado nos últimos anos.
A Unitel lidera com 73% das subscrições (mais de 19 milhões), seguida da operadora de origem norte-americana Africell com origem no Líbano, a deter 25% (6,5 milhões) e a Movicel tem somente 2% do mercado, com 521 mil subscrições, conforme os dados de 2024 do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM).
Com os seus poucos mais de 521 mil clientes, a operadora nesta altura vive uma decadência (quase) total de serviços com encerramento de várias lojas, atrasos salariais e dificuldades em pagar fornecedores, que consequentemente resultam na dificuldade de fazer e receber chamadas de voz na rede, conforme reclamação de vários clientes, que apenas usam os cartões SIM para os serviços de dados. Também se queixam do fraco serviço de apoio ao cliente.
Nos dados também caiu
Aquela que já foi considerada a melhor operadora de internet móvel no País, com tarifários mais acessíveis, viu também os seus subscritores de dados caírem quase pela metade nos últimos 6 anos para 350.251, calculou Expansão com base nos dados de 2024 do INACOM. A queda foi maior entre 2023 e 2024.
Actualmente, a Movicel tem apenas 3% da quota do mercado, ou seja, por cada 100 subscritores de dados tem apenas 3, a Unitel tem 60 e a Africell tem 37, num universo de mais de 12,6 milhões de utilizadores da rede de dados em 2024.