Menos Fios

Startups de Cabo Verde buscam expansão no Brasil

NotíciaDe olho em um dos maiores mercados da América Latina, startups cabo-verdianas estão aproveitar o Web Summit do Rio de Janeiro como ponto estratégico para escalar os seus negócios e ampliar a sua atuação internacional. “A questão da língua favorece-nos, mas também favorece os brasileiros, que precisam de estar em África”, disse à Lusa, a Claudia Monteiro da Afrikan Coders, startup cabo-verdiana que liga empresas à procura de talento tecnológico a programadores de África.

“Acredito que há um potencial de parceria muito grande, tanto de nós para cá como deles para a África”, disse, durante o evento que terminou hoje na cidade brasileira do Rio de Janeiro.

Também, Leida Correia e Silva, fundadora e CEO da KORU, uma fintech cabo-verdiana que nasceu da sua experiência enquanto estudante na China, não tem dúvidas sobre o caminho a seguir ser o Brasil: “Nós estamos no Brasil porque eles são líderes no mercado de pagamentos financeiros digitais”, referindo-se ao PIX, o sistema de transferências instantâneas lançado pelo Banco Central do Brasil, que se tornou uma inspiração para Cabo Verde.

Leia também: Web Summit Rio reúne mais de mil startups

Além da tecnologia, Leida destacou a proximidade cultural e linguística como uma enorme vantagem para os cabo-verdianos.

“A língua ajuda muito. Nós consumimos muita cultura brasileira. Em Portugal também, em Cabo Verde, ainda mais. As novelas, o TikTok, o YouTube…até a minha filha fala ‘brasileiro'”, disse.

O seu objetivo foi adaptar essa realidade a Cabo Verde, país com uma grande diáspora e forte fluxo de remessas, mas que ainda carece de soluções tecnológicas próprias.

Por isso, criou a startup KORU, uma solução de inclusão financeira para Cabo Verde e África, com base em tecnologia blockchain, integrando identidade digital, carteira digital e uma stablecoin.

“Mesmo que não encontres investimento imediato, os contactos abrem-te caminhos”, disse referindo-se à Web Summit no Rio de Janeiro que durou quatro dias, apesar de Leida apenas ter conseguido vir metade do tempo devido ao apagão em Portugal.

Na segunda-feira, em entrevista à Lusa, o Secretário de Estado da Economia Digital de Cabo Verde, que liderou uma delegação com 10 pessoas e quatro ‘startups’ do país no Web Summit Rio 2025, para demonstrar ao gigante sul-americano as capacidades que Cabo Verde tem em tornar-se numa ponte do Brasil para a Europa e África.

“Partilhamos a mesma língua, partilhamos a mesma cultura (…) Cabo Verde foi quase a ‘startup’ do Brasil”, resumiu assim Pedro Fernandes Lopes.

Na segunda-feira, o responsável cabo-verdiano participou de uma reunião bilateral com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos e no domingo assinou um memorando com a Câmara de Comércio Portuguesa do Rio de Janeiro, que prevê missões empresariais a Cabo Verde e a criação de um circuito de colaboração empresarial luso-brasileiro-africano.

Exit mobile version