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África: cresce a conectividade, mas a exclusão digital ainda resiste

De acordo com o relatório, a África Subsariana permanece como a região menos conectada do planeta. Em 2024, cerca de 10% da população ainda vivia em zonas sem cobertura de banda larga móvel, uma melhoria face aos 13% registados em 2023.

No entanto, a lacuna de utilização continua alarmante: apenas um quarto dos africanos (25%) utiliza a internet móvel, enquanto 72% permanecem desconectados.

A África Ocidental surge como a sub-região mais avançada, com cerca de 30% da população online, impulsionada por investimentos em redes 4G e políticas de inclusão digital. Já a África Central e a África Oriental enfrentam as maiores barreiras, tanto em cobertura como em acessibilidade.

Na África Central, por exemplo, apenas 16% da população está conectada, e a lacuna de cobertura reduziu-se de 34% para 25% num ano, um progresso que, embora notável, continua insuficiente.

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O relatório identifica um conjunto de barreiras estruturais que continuam a travar o acesso digital no continente. O custo elevado dos dispositivos e da internet móvel é um dos principais obstáculos, agravado por taxas de importação e impostos específicos sobre serviços digitais.

As desigualdades de género também permanecem marcantes: as mulheres africanas são 29% menos propensas a aceder à internet móvel do que os homens, principalmente devido a diferenças de rendimento, literacia digital e normas sociais restritivas.

Nas zonas rurais, o cenário é ainda mais desafiador. Apenas 25% dos adultos têm acesso à internet móvel, comparativamente a 48% nas áreas urbanas, o que revela uma forte lacuna urbano-rural na digitalização africana.

O relatório destaca a criação de novos instrumentos de avaliação, como o Digital Africa Index (DAI), que integra quatro indicadores essenciais:

Os resultados revelam que 36 dos 48 países da África Subsariana obtêm pontuação inferior a 50 no DPRI, sinaliza que as políticas e regulações ainda não acompanham a velocidade da transformação digital.

A GSMA defende que o progresso africano dependerá de três eixos fundamentais:

  1. Acesso acessível e equitativo — através da redução de taxas sobre dispositivos e pacotes de dados;

  2. Capacitação digital — com formação em competências digitais básicas e incentivo à participação feminina;

  3. Políticas integradas e previsíveis — para criar confiança e atrair capital privado para infraestruturas digitais.

O relatório recomenda ainda a reforma dos fundos de serviço universal, actualmente subutilizados, e a harmonização das regulações regionais, de forma a permitir economias de escala e promover investimentos sustentáveis.

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