Especialistas recomendam uso estratégico da IA na modernização dos serviços públicos

Os especialistas e gestores defenderam na sexta-feira, (12/06), durante o fórum “Governo 5.0: A Inteligência Artificial para a Modernização e Eficiência dos Serviços Públicos”, realizado no âmbito da ANGOTIC 2025, que Angola tem potencial para impulsionar a transformação digital através da utilização inteligente da Inteligência Artificial (IA).

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O director-geral da TIS, William Oliveira, destacou que o país vive um processo de transformação tecnológica acelerado, em que as organizações procuram constantemente melhorar a prestação de serviços.

É preciso olhar para a Inteligência Artificial como uma aliada, uma ferramenta que deve ser usada como vantagem competitiva para tornar os serviços públicos mais eficazes e eficientes, facilitando a vida do cidadão”, afirmou.

Oliveira lembrou ainda que vivemos numa era marcada por uma elevada produção de dados, cujo potencial pode ser maximizado com o uso de IA. Defendeu a necessidade de interoperabilidade entre os sistemas públicos, para evitar que o cidadão tenha de se deslocar a vários serviços à procura da mesma informação.

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As oportunidades que surgem com a modernização tecnológica superam os desafios. Mas é essencial que a digitalização esteja centrada no cidadão, caso contrário, não haverá verdadeira modernização”, acrescentou.

O especialista brasileiro Tiago Amor apresentou a experiência do Brasil com o programa Gov.br, considerado um dos mais avançados em governo digital. Segundo Amor, em 2017 foi diagnosticada a excessiva dependência de processos físicos no governo federal, com uso massivo de papel, atendimento presencial e elevados custos com infra-estrutura.

A resposta foi uma transformação ambiciosa rumo ao digital. Com mais de 7 mil servidores mobilizados em mais de 200 órgãos públicos, o governo brasileiro estruturou uma estratégia clara de digitalização.

Hoje, mais de 150 milhões de brasileiros utilizam os serviços do Gov.br, o que fez do Brasil o segundo país do mundo com maior maturidade digital no sector público”, destacou. “O digital, além de melhorar a qualidade dos serviços, uniu populações que antes estavam isoladas em diferentes regiões do país.”

Durante o debate, Ozgur Kuru, representante da ADG, reforçou que a construção de uma arquitectura digital robusta deve estar alinhada com as reais necessidades dos cidadãos. “A tecnologia deve servir ao serviço público e não o contrário. É preciso compreender o que cada serviço representa para a vida das pessoas”, disse.

Já o docente universitário Arlindo Almada, cientista de dados e investigador em IA, defendeu a criação de uma estratégia nacional de dados, coordenada pelo Estado. “Não se pode deixar que cada empresa ou ministério estabeleça sua própria arquitectura de dados. É preciso interligar os ministérios, garantir a qualidade da informação e o acesso universal aos dados”, alertou. Almada também sublinhou que desafios estruturais, como a limitação de energia eléctrica e de acesso à internet, devem ser encarados com soluções adaptadas à realidade nacional.

Encerrando o painel, William Oliveira destacou que Angola tem vantagens estratégicas para liderar na transformação digital, especialmente por contar com uma juventude resiliente, criativa e disposta a aprender. “Temos talento, temos energia. Agora precisamos criar as condições certas para que a Inteligência Artificial seja um motor real de desenvolvimento e cidadania”, frisou, acrescentado a necessidade de aproveitar sempre a o trabalho das universidades.

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