Um feito de 1.02 petabits por segundo
De acordo com a IFLScience, em meados de dezembro de 2023, o catálogo da Netflix continha cerca de 18.000 títulos. Assumindo que cada título ocupa, em média, 7 GB de espaço, seriam necessários 123 TB de armazenamento para guardar tudo.
A nova velocidade recorde, alcançada por uma equipa internacional liderada pelo Laboratório de Redes Fotónicas do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação (NICT) do Japão, torna esta tarefa teórica instantânea. A velocidade de 1,02 Pb/s equivale a aproximadamente 125 Terabytes por segundo (TB/s), mais do que suficiente para descarregar os 123 TB do catálogo da Netflix num piscar de olhos.
A tecnologia por trás da velocidade alucinante
Este avanço foi possível através do desenvolvimento de um cabo de fibra ótica que, em vez de um, contém 19 núcleos de fibra separados. A utilização conjunta destes núcleos permitiu atingir a velocidade estonteante sobre uma distância impressionante de 1.808 quilómetros.
Claro que, na prática, mesmo que a Netflix o permitisse, o processo manual de iniciar o download de cada um dos 18.000 títulos demoraria muito mais do que um segundo. A façanha reside na capacidade de transferência instantânea dos dados assim que o processo fosse iniciado.
Distância é a chave para o novo recorde
Esta não é a primeira vez que velocidades desta magnitude são atingidas. Em março de 2023, os mesmos investigadores conseguiram uma velocidade ainda maior, de 1,7 Pb/s. No entanto, o grande diferencial da experiência de abril de 2025 é a distância. Enquanto o teste anterior alcançou 63,5 km, o novo recorde foi estabelecido numa distância de 1.808 km, o equivalente a uma viagem de Berlim a Nápoles.
Este avanço é fundamental, pois demonstra a viabilidade de transferir enormes volumes de dados a velocidades incríveis entre cidades ou continentes, revolucionando a forma como a informação circula globalmente.
O futuro das transferências de dados globais
Vivemos numa era de produção massiva de dados, impulsionada em grande parte pelo desenvolvimento da Inteligência Artificial. Empresas de IA necessitam de aceder a vastos conjuntos de dados para treinar os seus modelos mais avançados. Segundo estatísticas da ExplodingTopics de abril de 2025, são criados quase 403 TB de dados todos os dias. Com a tecnologia do NICT, seria possível descarregar todo este volume em pouco mais de três segundos.
Embora o utilizador comum provavelmente não venha a ter uma ligação de 1 Pb/s em casa, empresas como a Netflix poderiam beneficiar enormemente desta tecnologia para mover dados entre os seus servidores espalhados pelo mundo de forma mais rápida e eficiente do que nunca.
Actualmente, as velocidades de internet mais rápidas disponíveis comercialmente rondam os 400 Gigabits por segundo, o que equivale a cerca de 50 GB/s. Ainda não há previsão para a implementação comercial desta nova tecnologia de fibra de 19 núcleos, mas os progressos contínuos do NICT sugerem que a sua adoção por países e grandes empresas de tecnologia é uma questão de tempo.