A tensão entre os Estados Unidos e a China no que diz respeito à tecnologia volta a aquecer, e desta vez o epicentro são os semicondutores. Mal passaram algumas semanas desde que os dois gigantes deram passos para acalmar a crescente guerra comercial, e já surgem novas faíscas.
Esta quarta-feira, o Ministério do Comércio da China, em Pequim, emitiu um comunicado contundente, com ameaças de ações legais qualquer entidade que imponha as restrições de exportação dos EUA sobre os chips de inteligência artificial (IA) da Huawei. A notícia foi avançada pela Bloomberg.
Pequim eleva o tom contra restrições aos chips de IA da Huawei
A declaração chinesa surge como resposta direta a um conjunto de “linhas orientadoras” publicadas pela administração Trump no passado dia 13 de maio. Essas diretrizes, que acompanharam a revogação de uma regra sobre Difusão de Inteligência Artificial da era Biden, serviram para relembrar às empresas que a utilização dos chips de IA Ascend da Huawei, “em qualquer parte do mundo”, constituía uma violação das normas de exportação norte-americanas.
No início desta semana, a China já tinha vindo a público afirmar que a referida orientação da administração Trump minava as recentes conversações comerciais entre os dois países.
A directriz americana que incendiou os ânimos
As “linhas orientadoras” emitidas por Washington a 13 de maio foram o rastilho para esta nova escalada. Ao reforçar que o uso dos processadores Ascend AI da Huawei seria considerado uma infração às regras de exportação, independentemente da localização geográfica, a administração americana colocou mais pressão sobre o ecossistema tecnológico global e, em particular, sobre as ambições da Huawei no campo da inteligência artificial.
Washington faz ligeiro recuo na formulação das restrições
Entretanto, parece ter havido um ligeiro ajuste na posição americana. Segundo informações também veiculadas pela Bloomberg, o Departamento de Comércio dos EUA terá alterado a formulação da sua diretriz original de 13 de maio, removendo a expressão “em qualquer parte do mundo”. Esta alteração, embora subtil, pode indicar uma tentativa de mitigar algumas das repercussões mais amplas da formulação inicial.
Frágeis tréguas comerciais novamente sob pressão
Este novo diferendo em torno dos semicondutores da Huawei demonstra a fragilidade do recente entendimento entre Washington e Pequim. Após um período em que se vislumbrou uma desescalada na guerra comercial, o setor tecnológico, e mais especificamente o estratégico mercado dos chips de IA, volta a ser um campo de batalha, com implicações significativas para a indústria a nível mundial. Resta saber quais serão os próximos capítulos desta saga e o impacto real das ameaças e ajustes de ambas as partes.