Assim, as plataformas piratas, que têm pacotes mais diversificados de conteúdos a preços mais baixos ‘roubaram’ às três operadoras do mercado (ZAP, a DSTV e a Tv Cabo) 35.131 clientes, equivalentes a quase 100 clientes por dia durante o ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base no relatório anual de estatística do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) de 2024.
Já é a maior perda de assinantes desde 2021, quando o sector foi arrasado pela crise económica e pelas ‘TVs comunitárias’, que subtraíram perto de 300 mil clientes às operadoras de televisão em Angola.
Entretanto, os tempos mudaram e os piratas também, visto que acompanharam a evolução tecnológica. Se antes eram necessárias centenas metros de cabos de televisão, boxes (descodificadores) e antenas para a captação do sinal), hoje basta apenas um aplicativo ou uma equipamento simples para aceder à internet para piratear os canais de televisão.
Com este novo conceito de pirataria, que se tem tornado um negócio milionário no mundo inteiro, quem mais sofre com a queda da TV por assinatura é o segmento de televisão por cabo, que inclui um pacote de televisão e internet integrada, que tem perdido clientes todos os anos desde 2021, no caso de Angola.
Em 2024, este segmento distribuído pela Zap (Finstar) e pela TV Cabo Angola, caiu quase 22% para 95.341 clientes. Já a televisão por satélite, que comercializa apenas pacotes com canais de televisão, teve uma queda ligeira de 0,4% para 1,91 milhões de assinantes durante o período em análise. No global, o número de assinantes de televisão caiu quase 2% para 2,01 milhões de assinantes, quando comparado ao ano de 2023.
Em termos práticos, mais de 26.838 deixaram de subscrever os canais de televisão a cabo, optando apenas por serviços de internet para assistir aos canais de televisão por meio de outras plataformas, sobretudo piratas, que cresceram todo mundo e que são difíceis de controlar.
Em Angola, os softwares piratas de IPTV e os descodificadores piratas também começaram a ganhar terreno, alguns deles já se popularizaram em Luanda. Do lado, a TV por satélite, apenas 8.293 deixaram de subscrever os canais de televisão. Com todas feitas, são hoje menos 35.131 clientes das televisões pagas.
A queda da televisão convencional está em contra-ciclo com o aumento de dispositivos (televisões e boxes, entre outros) que se conectam à internet, que tem crescido consistentemente todos os anos. Segundo cálculos do Expansão com base em dados do INACOM, o número de outros dispositivos conectados à internet, sem contar os telemóveis, aumentou 79,3% para 3,12 milhões no passado quando comparado a 2023. Já os telemóveis conectados aumentaram apenas 1,4% para 9,52 milhões.