O bot fez, esta quinta-feira (18), o seu primeiro discurso no Parlamento albanês, durante a sessão em que os deputados votaram o programa do governo, tendo sido vaiado pela oposição.
Diella será responsável por todas as decisões ligadas aos concursos públicos e aos contratos com empresas privadas. De acordo com o primeiro-ministro, conhecido pelas suas ações de autopromoção, os processos serão “100% livres de corrupção” e “cada cêntimo público submetido a concurso será totalmente transparente”.
A nomeação de uma ministra virtual gerou forte contestação da oposição. “O objectivo não é outro senão chamar atenção”, criticou o ex-primeiro-ministro e líder opositor Sali Berisha, também acusado de corrupção.
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Berisha acrescentou: “É impossível combater a corrupção com Diella. Quem vai controlar Diella? Ela é inconstitucional, e o Partido Democrático vai recorrer ao Tribunal Constitucional.”
O bot, que discursou por vídeo, respondeu às críticas, afirmou que a Constituição da Albânia “fala de deveres, responsabilidades, transparência, sem discriminação” e garantiu incorporar esses valores “com tanto rigor quanto qualquer colega humano. Talvez até mais”.
Apesar das vaias, o programa de governo de Rama foi aprovado com 82 votos, enquanto a oposição boicotou a votação.
A Albânia ocupa o 80.º lugar entre 180 países no índice de corrupção da Transparency International. O presidente da câmara de Tirana, capital do país e ex-aliado de Rama, encontra-se em prisão preventiva há vários meses, suspeito de corrupção na adjudicação de contratos públicos e de branqueamento de capitais.
Diella, cujo nome significa “sol” em albanês, foi apresentada pelo primeiro-ministro durante um evento do Partido Socialista, vencedor das eleições legislativas de maio.
Desde janeiro, esta assistente virtual baseada em inteligência artificial, representada por uma figura feminina com traje tradicional albanês, tem ajudado os cidadãos a utilizar a plataforma oficial e-Albania, que disponibiliza documentos e serviços públicos.
Segundo dados oficiais, já apoiou a emissão de 36.600 documentos digitais e forneceu cerca de mil serviços através da plataforma.
Rama, que assegurou o seu quarto mandato nas eleições de maio, definiu o combate à corrupção, sobretudo no setor público, como prioridade. Esta é também uma condição essencial para a candidatura da Albânia à União Europeia. O primeiro-ministro estabeleceu como meta levar o país balcânico, com 2,8 milhões de habitantes, a integrar a UE até 2030.
