A República Democrática do Congo deu início ao lançamento da maior central hidroeléctrica do mundo, que servirá como fonte de energia renovável e acessível para alimentar data centers, num contexto de crescente procura global impulsionada pela Inteligência Artificial (IA).
O Complexo de Inga, localizado no rio Congo, gera actualmente menos de 2 gigawatts de energia, uma pequena fracção do seu potencial estimado em 44 gigawatts, segundo dados divulgados pela Bloomberg.
De acordo com Bob Mabiala Mvumbi, director da Agência de Desenvolvimento de Inga, o governo congolês acredita que parcerias com operadores de data centers poderão ser decisivas para desbloquear todo esse potencial energético.
Com o avanço da IA e da computação em nuvem, o mundo enfrenta uma necessidade de energia sem precedentes. Empresas como a OpenAI e a Oracle Corp. estudam a construção de data centers com capacidade de vários gigawatts, suficiente para abastecer cerca de 900 mil habitações por ano.
O interesse pela expansão de infra-estruturas tecnológicas em África também tem vindo a crescer. Gigantes como a Google, da Alphabet, e a Amazon Web Services (AWS) já anunciaram projectos de grande escala na África Oriental e Austral, revelou Luvuyo Masinda, CEO do Standard Bank.
“Se conseguirmos garantir um fornecimento estável de energia, África continuará a ser um ponto de entrada mais acessível em comparação com os mercados desenvolvidos”, destacou Masinda. “Alguns desses projectos chegam a custar entre 3 e 4 mil milhões de dólares. Nem todos se concretizarão, mas é dessa escala que estamos a falar.”
O local de Inga, no Congo, abriga actualmente duas barragens construídas há mais de quatro décadas. O projecto Grand Inga, que prevê um total de oito barragens, tem enfrentado repetidos adiamentos devido a custos elevados e desafios logísticos. No entanto, o ímpeto para a próxima fase, Inga III, começa a ganhar força, impulsionado pela crise energética que afecta o sector mineiro do cobre no país.