IA não vai eliminar a banca, mas redefini-la, diz Ottoniel dos Santos

O secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos, afirmou, nesta quarta-feira, 28, em Luanda, que a Inteligência Artificial (IA) não substituirá a banca, mas transformará radicalmente o modo como ela opera, se organiza e se relaciona com seus clientes e com os reguladores.

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“Este é o tempo de pensar, com audácia, mas também com sentido de responsabilidade, o futuro que queremos construir”, disse o governante, quando intervinha na abertura da 3.ª edição da Angola Banking Conference, que debate ‘O Papel da Inteligência Artificial no futuro da banca’, numa iniciativa da revista Economia & Mercado e da consultora PwC.

A inovação, segundo o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, é bem-vinda, mas observou que “deve vir acompanhada de ética, de transparência e de uma visão clara de serviço ao bem comum”, afirmando que a banca, ao possuir “uma posição estratégica”, deve “liderar pelo exemplo”.

No discurso no fórum que debate a capacidade transformadora da IA na modernização do sistema bancário angolano, o governante colocou uma batéria de questionamentos e reflexões sobre os desafios que se abrem no sector com a evolução das tecnologias.

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“[Há] um desafio transversal: a destruição e substituição de capital humano. É claro que já se abriu a competição para adquirir novos talentos, como cientistas de dados, engenheiros de machine learning e especialistas em IA. Mas o sector bancário, historicamente intensivo em talento e relacionamento, vê-se, agora, confrontado com o risco de desumanização e desemprego tecnológico”, alertou.

Por isso, questionou: “Como garantir uma transição responsável? Esta é uma questão. Sabemos que um aumento da produtividade é bem-vindo, mas também levanta questões estruturais: Como financiar a segurança social num mundo em que os trabalhadores humanos continuam a diminuir? Que evolução da fiscalidade digital será necessária? E como ajustar os mecanismos de protecção social a este novo paradigma?”

Ottoniel dos Santos lançou outras reflexões: “Poderemos ou deveremos usar a Inteligência Artificial aliada à supervisão prudencial? Será possível desenhar mecanismos de alta performance alimentados por dados em tempo real e com modelos de machine learning para antecipar desvios significativos na solidez financeira das instituições bancárias?”.

O secretário de Estado para as Finanças e Tesouro sublinhou que, sem abdicar de intervenção humana, a IA pode ajudar a evoluir de uma supervisão reactiva para uma supervisão predictiva, considerando que o mesmo se aplica à dedicação e detecção de fraudes, à análise de risco sistémico e à resiliência cibernética do sistema financeiro

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