[Entrevista] Leocarpo Manuel, criador do Kallun.com

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LeocarpoA saga de entrevistas do Menosfios.com continua.

Desta vez trouxemos até nós o criador do “Dicionário da gíria Angola“(Kallun.com). Esse projecto tem ganho notoriedade nos últimos tempos e se houver empenho, não só dos criadores, mas de todos usuários do serviço, ele pode ter proporções impressionantes. Mas, deixemos que Leocarpo Manuel nos dê mais detalhes sobre ele e o projecto.

MenosFios (MF): Primeiro, para situar os nossos leitores, pode fazer uma pequena apresentação?

Leocarpo Manuel(LM): Meu nome é Leocarpo Mário Manuel, tenho 22 anos, sou autodidacta em desenvolvimento web, vivo em Luanda, comecei a desenvolver por curiosidade (porque quis ser hacker para criar vírus e roubar bancos, acreditem é verdade), me interessei por programação quando vi um velho amigo a desenvolver com Visual Basic (VB), ai eu ganhei curiosidade e começou o mundo do questionamento, como, o que é e para que ?

MF: Há alguns meses tivemos contacto com o projecto “Kallun”, o que significa Kallun?

LM: Kallun é um termo errado da expressão “Calão”, me lembro que foi numa música estilo Kuduro provavelmente dos “Xtrubantu”, eu ouvia quando ainda tinha por volta dos 15-17 anos, e havia uma parte em que o artista dizia: “fali Calum”. Daí como o sistema que desenvolvi estava sem nome e além disso é sobre calão, recordei-me desta frase e fiz uma actualização nela, assim nasceu o nome “Kallun”.

MF: De quem foi a idéia do site? De onde e como surgiu essa idéia?

LM: A ideia inicial e final foi minha (Risos). A ideia de criar uma plataforma colaborativa para albergar os calões de Angola surgiu numa brincadeira, na altura eu estava para entrar de férias no serviço, daí surge a ideia de eu exercitar um pouco das técnicas de programação web, um dia antes de entrar de férias, eu publiquei no meu perfil do FB “Vou criar um dicionário de calões de Angola em 1 dia e vocês irão acompanhar todo o desenvolvimento do mesmo”. Daí quando entrei de férias eu quis desistir da ideia, mas o problema é que as pessoas já tinham visto a postagem e estavam a espera, comecei o desenvolvimento no dia 25 de Dez de 2012 mas não consegui termina-lo em 1 dia, só foi possível no 3º dia (27 de Dez) e neste mesmo dia, ele ficou online mas não no domínio actual.
O que nasceu como brincadeira ficou sério porque eu não contava que as pessoas iriam gostar, logo no 1º dia, as pessoas começaram a cadastrar-se no site, logo as visitas estavam a aumentar, e eu vi que havia necessidade de comprar um domínio para a aplicação, desde então só tem crescido (espero que cresça mais), acho que é tudo para explicação.

MF: Qual a periodicidade de actualização do “dicionário”?

LM: Diariamente o dicionário ou a plataforma é actualizada, porque alguns usuários estão sempre a inserir as gírias de Angola. Quanto a actualização de novas funcionalidades eu tenho a paciência de mensalmente colocar sempre uma nova actualização e resolver alguns erros que os usuários encontram no sistema.

MF: Pode dizer-nos se o projecto está alojado aqui em Angola?

LM: Sim posso, infelizmente o Kallun não esta alojado nos servidores de nenhuma empresa de Angola, ele está aloja numa empresa inglesa.

MF: Que patamares pretendem atingir com esse projecto?

LM: Se formos a ver bem o que é realmente o Kallun, logo daremos conta que ele é e serve de um auxilio para as pessoas que estudam língua ou tendências culturais. Espero que o site cresça muito e talvez criarmos um Kallun físico.

MF: Acha que é importante para um desenvolvedor web a participação activa na comunidade?

LM: Do meu ponto de vista isso não é importante, é indispensável, porque é com a ajuda da comunidade que a gente cresce, la nós ensinamos e aprendemos com todos.

MF: Podemos esperar outros projectos seus na Web?

LM: Sim com certeza, o Kallun é apenas o começo para movimentar o mundo parado de desenvolvimento web dos angolanos. Os próximos projectos já estão em desenvolvimento a mais tempo que o Kallun, provavelmente sairão do offline em breve.

MF: Como encara o facto de que muitas empresas contratarem estrangeiros para desenvolverem os seus projectos, mesmo havendo programadores locais capacitados?

LM: Isso é ignorância da parte das empresas angolanas, não citarei nomes, mas nós aqui já temos programadores capacitados que podem fazer muitos dos trabalhos que as empresas precisam.
O outro campo é a falta de trabalhos publicados, os desenvolvedores/programadores angolanos, ficam acomodados com tudo que já está feito e esquecem-se de criar novas aplicações para que sejam visíveis para o publico angolano, e isto provavelmente é um factor primordial que faz com que as empresas do país adiram a mão de obra estrangeira.

MF: O que você tem a dizer sobre projectos opensource (código fonte aberto)? É importante para o crescimento da comunidade?

LM: São muito importantes, além de serem grátis ajudam no desenvolvimento tecnológico de um país, e no caso de Angola que ainda esta a engatinhar neste mundo da informática acho ele indispensável para nós.
Eu acho indispensável também para crescimento da comunidade, visto que alguns dos grandes projectos abertos nasceram pelo incentivo da comunidade (Linux,etc), os desenvolvedores têm muito que aprender com os mais experientes, e quando alguém disponibiliza a fonte de uma aplicação, é de grande valia para todos, tanto os experientes como os menos experientes.

MF: Considerações finais.

LM: Recomendo a todos os angolanos que estão mergulhados nesta área da ciência, que estudem bastante, porque não é um caminho fácil e nem tão difícil assim de ser estudado. Estudar e aplicar é a palavra chave para um dia desenvolvermos uma grande aplicação conhecida local e mundialmente.
Hoje em dia quem tem acesso a Internet tem o mundo em suas mãos e pode aprender tudo, sim tudo mesmo, basta ter vontade e motivação.

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A equipe do MenosFios agradece a disponibilidade do Leocarpo e contamos trazer mais entrevistas em breve.

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