[Entrevista] Keven Chantre, desenvolvedor do jogo “Breaking up”

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Eu suponho que muitos de vocês devem se estar a perguntar “quem é esse tal de Keven Chantre ?“. Infelizmente essa é uma pergunta que é feita naturalmente pela maioria das pessoas, simplesmente porque a criação de jogos angolanos é uma actividade quase que totalmente desconhecida pela esmagadora maioria dos angolanos.

Keven Chantre é actualmente um dos principais programadores de jogos em Angola e um dos co-fundadores da Interactive Load. Sem tento na lingua e com  um avontade que somente quem domina o que faz tem, ele  aceitou responder a algumas perguntas feitas pelo Menos Fios acerca dos seus projectos e da criação de jogos angolanos.

Keven Chantre, responsável pela startup Interactive Load
Keven Chantre, responsável pela Startup “Interactive Load”
1. MF (MenosFios): Bom dia Kevin , antes de mais os nossos leitores devem estar a se perguntar o que é a Interactive Load, podes me dizer exactamente o que ela é? 

KC (Keven Chantre): A Interactive Load é uma startup focada no desenvolvimento de formas de entretenimento, principalmente de jogos electrónicos. Por agora estamos focados nas plataformas móveis e PC, mas pretendemos mais tarde adicionar às consolas ao nosso conjunto de plataformas suportadas.

2. MF: Sendo um criador de jogos deve ser bastante interessante dizer as pessoas o que é que tu fazes , como é que é normalmente a reacção delas quando lhes contas que trabalhas na criação de jogos angolanos ?

KC :Para quem está próximo e vê o nosso trabalho e o empenho que colocamos nele, acaba por ver que é algo realmente bastante sério e penoso de se fazer, mas muita gente ainda acha que jogos são coisas de e para crianças e sem qualquer importância.

3. MF: Tenho quase a certeza que mais do que uma vez alguém te deve ter dito para “te deixares disso”, tens dificuldade em explicar esta tua paixão pela programação de jogos ?

KC: De certa forma sim. A nossa sociedade ainda não o vê como algo importante.Na verdade essas 2 perguntas estão interligadas pelo mesmo ponto, pelo facto de que as pessoas não acham que jogos sejam algo importante. E o engraçado é que encaram os filmes e novelas de uma forma bastante séria, mesmo estando eles no mesmo grupo que os jogos. O de entretenimento.

4. MF: Eu sei que embora tenhas fundado a Interactive Load, tu estas na tua actividade meio que por conta própria , mas diz-me, existem apoios para a criação de jogos em Angola? 

KC: Sendo directo, não. Não só para jogos mas também para muitas outras áreas e actividades onde os jovens estão interessados em investir o seu tempo e dedicação. Mesmo sendo ainda uma organização bastante nova, a Associação StartupAngola tem feito um trabalho excepcional connosco, pelo que gostaríamos de agradecer por toda a ajuda que eles nos têm dado. E quem tiver uma Startup ou um projecto que acha que tem potencial para ser lançado para o mercado devia seriamente pensar em entrar em contacto com eles.

5. MF: Sendo tu um dos principais programadores de jogos angolano podes me dizer o que é que na tua opinião poderá ser feito para melhorar esta actividade em Angola ?

KC: Deve-se começar com o básico como eventos, formações, cursos… Sem conhecimento acerca da área não se pode esperar muito. É bastante difícil porque os níveis de conhecimento que precisas ter para fazer um jogo, são enormes. Isso para quem está a começar.Para quem já tem o conhecimento para criar alguma coisa, a dificuldade está em comercializar o produto. As infraestruturas em termos de sistemas de pagamento em Angola ainda estão bastante limitadas. Não me referindo aqui ao lado do cliente, mas sim ao lado do comerciante.

 6. MF: Fazendo tu parte do mercado da criação de jogos angolanos como é que tu o descreves ?

KC: Acho que o mercado tem um potencial enorme. Há vários motivos que fazem da indústria de jogos perfeita para se investir em Angola. Por exemplo, não temos um mercado saturado, é algo novo no país, não tem muita concorrência, se considerarmos apenas o mercado nacional existe a possibilidade de oferecer produtos personalizados, é fácil se destacar…

7. MF: Voces completaram recentemente o vosso primeiro projecto , o Breaking Up, podes me explicar do que se trata este jogo ?

KC: O Breaking Up é o nosso primeiro projecto a estar realmente terminado. O interessante é que o que ele se tornou, é completamente diferente do que inicialmente foi pensado. Pelo caminho fomos testando e eliminando ideias que não funcionaram, foram adicionadas outras que melhor se enquadraram na forma com que queríamos que o jogo fosse jogado, etc. Só para teres uma ideia, se criássemos um jogo utilizando todas as ideias inicialmente propostas para o Breaking Up não se conseguiria notar quaisquer semelhanças entre os dois. Essa é uma das grandes diferenças entre o desenvolvimento de jogos e o de softwares convencionais. Fazer jogos é algo muito dinâmico, quase nunca o produto final é exactamente igual à proposta. O jogador controla o personagem principal ao mesmo tempo que recolhe as moedas e outros objectos que vão aparecendo enquanto tenta se livrar dos inimigos que o perseguem. Pelo caminho também encontrará várias armadilhas e também power ups que o ajudarão a avançar. E, é um jogo com um nível de dificuldade acima do que os jogadores casuais estão habituados. Por isso, preparem-se para morrer…muito. Inicialmente o Breaking Up estará disponível na App Store, para dispositivos iOS e no Google Play para Android. Queremos lançar para outras plataformas mas ainda não podemos confirmar isso.

8. MF: Eu estava aqui a olhar para a vossa pagina e vi que que vocês ainda tem mais dois jogos por terminar, o Jumpers e o Fishing Fingers, podes me contar um pouco sobre estes projectos ?

KC:  O Fishing Fingers deverá ser lançado juntamente com o Breaking Up, ou talvez com apenas  alguns dias de diferença entre eles. Porém, ainda não o anunciamos oficialmente e logo não podemos falar nada ainda. O que posso dizer é que é um tipo de jogo para jogadores casuais e será lançado para as mesmas plataformas que o Breaking Up. Esperamos anunciá-lo nos dias que se seguem. O Jumpers é um jogo mais para o “hardcore” e sairá apenas para PC. É um projecto com um ciclo de desenvolvimento bastante longo, por isso, terão muito tempo para desfrutar o Breaking Up e o Fishing Fingers antes de o verem em acção. Diversão é a palavra-chave. É pelo qual desenvolvemos jogos. Para que as pessoas possam se divertir com eles.

E foi assim que Chantre terminou de responder as 8 perguntas que lhe foram feitas por mim e pela equipe do MenosFios.
O que é que achaste do que ele nos disse ? Será que a criação de jogos angolanos é uma actividade com futuro ?

Aqui vai o trailer oficial do jogo “Breaking Up”:

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