Moçambicano cria sistema que desinfeta água com ajuda do sol

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O jovem inovador moçambicano Beni Chaúque criou um sistema que desinfeta água com ajuda do sol e elimina bactérias e cistos de protozoários em até 90 segundos, onde atualmente está em processo de reconhecimento de patente.

Segundo o criador, sendo doutorando no Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola e do Ambiente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre, Brazil, a técnica de desinfeção solar da água é habitual no meio científico e conhecida pela sigla em inglês ”SODIS” (solar water disinfection).

O processo tradicional consiste em colocar um pouco de água não tratada numa garrafa pet, que deve ficar sob o sol por, pelo menos, seis horas para matar todos os microrganismos e tornar a água novamente potável para ingestão. Tudo isso, graças ao calor e às radiações solares. Em dias nublados, com 50% de neblina, seria necessário expor a garrafa por ao menos dois dias para se ter 1,5 litro de água potável“, disse Beni Chaúque em entrevista ao UOL.

A invenção do jovem africano torna o processo mais rápido, onde o volume de água obtido pela técnica já conhecida é relativamente pequeno, repetitivo e cansativo. Além do mais, em regiões de pobreza nem sempre há um número grande de garrafas ou recipientes disponíveis para a coleta da água.

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O sistema criado por Beni tem um grande diferencial, pois aquece e esteriliza a água com os raios solares UV (refletidos por um conjunto de espelhos), trabalhando de maneira constante, por meio de uma bomba movida a energia solar, que possibilita alcançar um volume de água muito superior.

O promissor protótipo poderá ser instalado no local de captação da água, ou seja, numa represa por exemplo, sem necessidade de energia elétrica. A SODIS em fluxo contínuo permite disponibilizar de 1 a 5 litros de água potável por minuto. ”Em 24h, teríamos, em média, 7 mil litros de água potável”, reiterou.

O modelo criado consiste em dois tanques, um para aquecimento e outro para resfriamento da água não potável, além de uma tubulação pela qual a água passa, recebendo os raios solares UV. Também há um jogo de espelhos que direciona esses raios para os tubos onde a água está localizada.

Como o sistema permanece em fluxo constante, a água vai passando em alta velocidade pelas tubulações e naturalmente vai sendo esterilizada. Assim o trabalho consegue ser feito em grandes volumes”, explica.

O novo equipamento para desinfectar água há pouco mais de um ano e meio e os próximos passos, além de patentear o produto, é elaborar um design mais arrojado, com novas configurações, para maximizar a quantidade de água produzida. O próximo objetivo, segundo ele, é para que o sistema produza de 800 a 1.000 litros de água por dia, em períodos de sol.

O pesquisador vai realizar novas experiências a partir do próximo verão, como, por exemplo, no tratamento de águas residuais, que são lançadas diretamente no esgoto e não recebem o tratamento sanitário.

Nós queremos degradar com o equipamento resíduos de fármacos e agrotóxicos despejados na água, que atualmente é uma preocupação global”, finalizou o cientista.

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