Profissão: Administrador de Sistemas

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Administrador de sistemas
Créditos: Google

A carreira profissional de um informático geralmente tem o seu início na área de suporte, esta costuma representar a porta de entrada para um longo corredor de oportunidades, é tendencioso que os analistas de suporte queiram fazer o “bypass” desta fase em busca de renomados títulos e melhor posição profissional. Apesar de ser um trabalho de constantes desafios no início, com o tempo se torna rotineiro, os problemas passam a ser os mesmos e com isso o desafio se torna uma tarefa de rotina. Quando questionados sobre o próximo passo em suas carreiras, os analistas de suporte têm uma forte inclinação para a administração de sistemas, mas afinal, quem é o administrador de sistemas, quais os requisitos para ocupar esta função?

De maneira resumida, o administrador de sistemas, é o profissional responsável pela gestão de ambientes computacionais com foco na garantia da disponibilidade e operação destes serviços. No passado, o administrador de sistemas era um indivíduo que precisava ter o domínio de vários temas do sector, nomeadamente: sistema operativo, gestão e configuração de redes, lógica de programação, electrónica, hardware, etc., ou seja, um indivíduo dotado de polivalência e que devia estar à altura de resolver qualquer problema que interferisse no bom funcionamento dos sistemas e demais recursos à este associados.

Funções e Responsabilidades

Hoje em dia, a função de administrador de sistemas que iremos tratar por [AS] tem sido disseminada em equipes maiores, com funções e responsabilidades mais precisas, que buscam garantir o melhor desempenho do profissional na sua área de actuação, ou seja, o trabalho que era antes desempenhado por um [AS], hoje é executado por uma equipe de pelo menos 3 administradores com diferentes especialidades, por exemplo, um especialista em sistema operativo, um especialista em storage e um especialista em virtualização.

Entre as responsabilidades do [AS] estão [Wikipedia]:

  • Análise de logs dos sistemas e identificação de problemas/riscos em potencial
  • Introdução e integração de novas tecnologias
  • Realizar auditorias/validações periódicas de sistemas e softwares
  • Realizar e verificar backups
  • Aplicação de actualizações, patches ou modificações de configuração nos sistemas operacionais
  • Instalação e configuração de novos hardwares e softwares
  • Gerenciamento de informações de conta de usuário e senhas
  • Resposta a problemas técnicos nos sistemas
  • Responsabilidade pela segurança
  • Responsabilidade pela documentação da configuração dos sistemas
  • Solucionar qualquer problema reportado nos sistemas
  • Ajustes para melhorar a performance dos sistemas
  • Assegurar que a infraestrutura de rede esteja disponível e operacional
  • Etc.

Com a tendência da disseminação de responsabilidades, passaram a surgir as diferentes vertentes de administradores de sistemas: administrador de base de dados, administrador de redes, administrador de armazenamento, administrador de segurança, administrador de servidores (hardware), administrador web, etc.

Dado o vasto leque de opções disponíveis hoje no mercado, cabe ao profissional identificar as áreas de seu interesse e especializar-se de acordo, certamente é possível que um profissional se especialize em mais do que uma área, ou seja, pode ser um administrador de base de dados e ao mesmo tempo, administrador de sistemas Unix, por exemplo.

Perfil

É frequente o [AS] ser conotado com uma imagem pouco formal e mais “geek, uma pessoa pouco sociável e bastante dependente da tecnologia para viver, esta imagem não está de todo errada, ela ainda reflecte o perfil físico de muitos [AS’s] que pouco se importam com a aparência física, pois têm o seu foco no mundo virtual.

O [AS] é geralmente pouco conhecido no seio dos utentes dos sistemas que gere, pois boa parte do seu trabalho é feito remotamente, no background e fora do horário normal de expediente, sem a necessidade de interagir fisicamente com os usuários, é um indivíduo que por vezes passa noites em claro para garantir a disponibilidade dos serviços. Na sequência, uma relação dos principais atributos que devem fazer parte do perfil de um [AS]: paciência, elevado senso de responsabilidade, organização, polivalência, capacidade de gerir o trabalho sob estresse, facilidade de trabalho em equipe, domínio da língua inglesa, conhecimento diversificado de tecnologia.

Poucas são as empresas e gestores do topo que entendem de facto o trabalho e a importância de um [AS], algumas empresas que já perceberam a importância deste profissional, costumam apresentar como elemento motivador além de um bom salário, pacotes de benefícios, uma vez que este tem sob o seu controle todos os sistemas da empresa, tem acesso à informação privilegiada e pode comprometer o sucesso da empresa ou dos seus projectos, principalmente se estes forem dependentes de sistemas geridos pelo [AS].

Plano de Carreira

Não existe propriamente um diploma de ensino superior que forme administradores de sistemas, os [AS’s] geralmente são provenientes dos cursos de Eng. Informática, Ciência da Computação, Análise de Sistemas ou Rede de Computadores. Durante o percurso académico, estes são preparados para a polivalência profissional, mas poucas vezes chegam já calibrados para assumir o papel de [AS’s], para tal é necessário investir na investigação e disponibilidade de tempo para as longas horas de estudo e experimentos. O percurso mais regular para chegar à posição de administrador de sistemas é através da função de suporte técnico, pois neste nível o especialista já está exposto à um grupo de actividades que são complementares ao trabalho do [AS], ou seja, o técnico de suporte está melhor preparado para receber a carga de trabalho desta nova função e saberá indentificar os problemas com maior facilidade, pois trás consigo alguma bagagem do terreno de suporte.

Quanto à vida após a função de [AS], trata-se de uma incógnita, pois depende muito dos planos de carreira de cada indivíduo, porém, existem pelo menos duas principais rotas a seguir:

  1. Técnico Especialista: O indivíduo mergulha na imensidão do mundo da tecnologia e se torna um “guru” dos sistemas, com elevada capacidade analítica de sistemas de tecnologia, está sempre em busca de novos desafios neste campo, até atingir as mais prestigiadas certificações do sector. Os indivíduos que se enquadram neste perfil costumam ter uma vida social pouco activa, pois investem mais na socialização virtual;
  1. Gestão de TI: O indivíduo entende que a parte técnica exige de sí muito tempo e dedicação, logo, este volta-se para um enquadramento mais estratégico sob a gestão de TI, isso não quer dizer que não terá as mesmas exigências neste campo, mas inicialmente exige menos tempo do que o especialista. Ao seguir a carreira de gestor de TI, o profissional está mais próximo das posições de direcção, ou seja, em um nível mais estratégico do que operacional (técnico especialista). Entretanto, é recomendável que um gestor de TI tenha alguma experiência de vida como técnico, não é uma exigência, mas recomenda-se, pois a experiência na área facilita o fluxo de informação e definição de estratégias de sucesso;

Remuneração

O salário de um [AS] gira em torno dos $5.000,00 USD, pese embora este valor varie em função da empresa/indústria, mas está dentro da margem salarial do mercado em Angola. Em função das qualificações do profissional as empresas sentem-se forçadas a definir politicas para reter e motivar o funcionário, pois o mercado ainda não está preparado para oferecer mão de obra qualificada em massa neste segmento. Os profissionais com alguns anos experiência e domínio de tecnologias emergentes podem facilmente ultrapassar esta margem salarial, como exemplo para os administradores de sistemas Unix/Linux, que de momento actuam no mercado angolano com predominância para a banca, Oil and Gas, e grandes indústrias.

Mercado em Angola

Algumas pesquisas apontam para um potencial declínio na busca por administradores de sistemas em todo o mundo, com o advento da computação nas nuvens, as empresas deverão transferir a responsabilidade da gestão dos seus recursos à companhias especializadas na matéria e porque a relação custo benefício tende a ser cada vez melhor do que ter numa empresa uma equipe composta por 20 pessoas no departamento de informática a desempenhar funções que podem ser contratadas “on demand”, ou seja, em função da necessidade. Não obstante esta tendência, a realidade em Angola ainda está distante disso, as empresas estão comprometidas em recrutar especialistas nacionais que estejam à altura de satisfazer as exigências do mercado em competitividade com o resto do mundo.

É importante que o sector académico entenda as exigências do mercado global para que Angola esteja em condições de formar quadros com perfil competitivo, de outra forma, a contratação de “know-how” externo irá pesar nas estatísticas de importação, o que efectivamente não reflete uma realidade justa.

No intuito de valorizar e melhor capacitar os especialistas da área, existem no mercado formações de certificação que garantem ao profissional um reconhecimento prestigiado e um retorno de investimento acelerado, ou seja, além da formação superior, o mercado ainda prioriza àqueles que tenham no seu CV um conjunto de certificações profissionais, pois estas expõem o profissional à um nível mais exigente do sector e tendem a garantir que o profissional está melhor preparado para os desafios, portanto, quem estiver certificado, estará um degrau acima relativamente aos que possuem somente o diploma de ensino superior.

Para concluir, a função de administrador de sistemas como carreira, não é uma tarefa fácil, exige disciplina e comprometimento com a tecnologia e com a sua constante actualização, para chegar à posição de sénior o profissional necessita em média, de pelo menos 5 anos, mas são 5 anos de muito esforço, dedicação e desafios. Um profissional com experiência comprovada nesta área consegue facilmente enquadramento profissional fora das fronteiras de Angola.

 

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