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Quinta-feira, Dezembro 18, 2025
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Netflix sofre impacto bilionário por disputa fiscal no Brasil

A Netflix registou um lucro abaixo do esperado no terceiro trimestre de 2025, após contabilizar uma despesa bilionária relacionada a uma disputa fiscal no Brasil. Segundo o balanço financeiro divulgado na terça-feira (21), a empresa lucrou 2,5 mil milhões de dólares entre Julho e Setembro, valor inferior aos 3 mil milhões previstos pelos analistas.

A plataforma de streaming explicou que o resultado foi afectado por um processo tributário “em andamento” no Brasil, o que obrigou a companhia a registar uma despesa extraordinária de 619 milhões de dólares.

Com o anúncio, as acções da Netflix recuaram, fazendo o valor de mercado da empresa cair de 527 mil milhões para 494 mil milhões de dólares (de 2,8 para 2,6 biliões de reais) no mesmo dia.

Disputa fiscal no Brasil

A despesa está relacionada à Contribuição de Intervenção no Domínio Económico (Cide), um imposto brasileiro cuja aplicação foi ampliada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em Agosto. A mudança passou a atingir também empresas estrangeiras de tecnologia e streaming, como a Netflix.

A empresa não costuma divulgar quanto factura especificamente no Brasil, mas admitiu que o impacto da nova interpretação da Cide afectou directamente os seus resultados globais.

O caso reacende o debate sobre a tributação de serviços digitais no país, uma questão que também envolve outras gigantes tecnológicas e que pode servir de precedente para futuras cobranças em diferentes mercados.

Usuários do Instagram já podem editar Stories com ferramentas de IA da Meta

A Meta está a levar as suas ferramentas de edição com Inteligência Artificial (IA) directamente para o Instagram Stories, permitindo que os utilizadores usem prompts de texto para adicionar, remover ou alterar elementos em fotos e vídeos ou até transformá-los completamente.

Até agora, as opções de edição com IA no Instagram estavam limitadas às interacções com o chatbot Meta AI. Com a nova actualização, essas ferramentas passam a estar integradas de forma mais acessível, dentro da própria interface dos Stories.

Os novos recursos podem ser encontrados no menu “Restyle”, localizado na parte superior do ecrã, ao tocar no ícone do pincel. A partir daí, o utilizador pode escolher entre as opções “adicionar”, “remover” ou “alterar”, e depois descrever na barra de texto o que pretende modificar.

Por exemplo, é possível pedir para mudar a cor do cabelo, adicionar uma coroa, ou inserir um fundo de pôr do sol.

A Meta incluiu ainda efeitos predefinidos, que permitem mudar o estilo da imagem ou até o vestuário, como adicionar óculos de sol, uma jaqueta de motoqueiro ou aplicar um efeito aquarela. Nos vídeos, é possível criar efeitos como neve a cair ou chamas a aparecer na cena.

Estas actualizações fazem parte do esforço contínuo da Meta para reforçar a presença da IA nas suas plataformas e manter-se competitiva no mercado. Recentemente, a empresa começou a testar o recurso “Escreve com Meta AI”, que ajuda os utilizadores a gerar comentários inteligentes para publicações.

No mês passado, a Meta também lançou um novo feed de vídeos gerados por IA, chamado “Vibes”, no aplicativo Meta AI uma estratégia que parece estar a resultar. Segundo dados da Similarweb, o número de utilizadores activos diários da aplicação aumentou para 2,7 milhões em 17 de Outubro, face aos 775 mil registados há quatro semanas.

Para responder a preocupações dos pais, a Meta anunciou ainda novas ferramentas de controlo parental, que permitem desactivar conversas com personagens de IA e acompanhar os tópicos que os adolescentes discutem com o chatbot Meta AI.

MWC 2025: as telecomunicações no centro da transformação de África

A indústria móvel continua a ser uma pedra angular do crescimento de África, representa quase 8% do PIB da África Subsaariana, cerca de 140 mil milhões de dólares em 2023 e sustenta 4 milhões de empregos. Até 2030, essa contribuição poderá aumentar para 280 mil milhões de dólares, desde que sejam implementadas políticas favoráveis.

Foi neste contexto que o Mobile World Congress Africa 2025 (MWC), organizado pelo Global System for Mobile Communications (GSMA) teve lugar de 21 a 23 de outubro em Kigali capital do Ruanda e reuniu os principais intervenientes que moldam o futuro digital de África.

No centro desta transformação está o poder da tecnologia móvel, afirmou Vivek Badrinath, CEO da GSMA

Ruanda, um exemplo de África conectada, agora possui 99% de cobertura móvel e 13 milhões de ligações activas. De acordo com Paula Ingabire, Ministra das TIC, o país passou de 500 mil para 5 milhões de utilizadores 4G em apenas dois anos e formou 4,5 milhões de cidadãos em competências digitais. «Devemos criar soluções concebidas em África, construídas para África e prontas para o mundo», enfatizou.

No entanto, os desafios permanecem. Como apontou Mourad Mnif, director de consultoria da PwC Tunísia: “A cobertura 4G atinge 65% da África Subsaariana, mas apenas 23% da população realmente a utiliza”. O custo dos smartphones, o baixo nível de alfabetização digital e as regulamentações instáveis continuam a impedir o pleno potencial do sector. “A saturação do mercado, o aumento dos custos de energia e a queda na rentabilidade limitam os investimentos e, consequentemente, a qualidade dos serviços”.

Várias alavancas são identificadas: tornar os smartphones mais acessíveis, reduzir os impostos do sector, incentivar a partilha de infraestruturas e desenvolver competências locais, todas medidas essenciais para garantir que a revolução móvel beneficie a todos.

Para além das telecomunicações, o surgimento da inteligência artificial está a abrir um novo capítulo. À margem do MWC Kigali, a GSMA, em conjunto com operadoras como Airtel, MTN, Orange, Vodacom, Ethio Telecom, Axian Telecom e parceiros como Cassava Technologies, Masakhane African Languages Hub e Lelapa AI, anunciou uma iniciativa pan-africana para desenvolver modelos de linguagem de IA inclusivos e soberanos.

Apoiada por um estudo de viabilidade da GSMA, a iniciativa centra-se em quatro pilares: dados, capacidade computacional, talento e políticas. Serão criados grupos de trabalho para cocriar ferramentas e partilhar resultados em próximos eventos da GSMA.

De acordo com vários participantes do MWC Kigali, uma convicção sobressai com clareza: os dispositivos móveis e a inteligência artificial são hoje os dois grandes motores do futuro de África.

Mas para que essa dupla revolução seja verdadeiramente transformadora, a África deve investir ousadamente no seu povo, nos seus dados e nas suas línguas. O desafio não é mais apenas conectar o continente, mas permitir que ele crie, programe e inove por conta própria.

A ascensão digital de África já não é uma promessa: é uma força em formação, determinada a moldar a sua própria revolução tecnológica.

A resiliência digital das organizações começa nos seus colaboradores

No entanto, outro factor crucial continua frequentemente a ser negligenciado: o funcionário. A tecnologia tem muitas capacidades, mas sem pessoal atento e bem informado, qualquer organização continua vulnerável. Os funcionários desempenham um papel importante na prevenção de uma crise cibernética e na limitação dos danos quando algo corre mal.

As pessoas  quando bem treinadas são essenciais para a resiliência digital de uma empresa. Contudo, a formação, por si só, não garante resultados duradouros. Em tempos de crise, uma comunicação eficaz muitas vezes faz a diferença entre o controlo e a escalada.

A literacia digital é a espinha dorsal da resiliência na era digital – Pia Ahrenkilde Hansen, directora-geral da Comissão Europeia.

Os estudos mostram que erros humanos estão envolvidos em quase 60% de todas as fugas de dados. Muitas vezes, trata-se de funcionários bem-intencionados que, inconscientemente, causam uma crise ao clicar, por exemplo, num link malicioso. Investir em consciência cibernética, competências digitais e comportamento seguro online é, portanto, inevitável. Com isso, as organizações não apenas fecham a sua porta digital, mas também constroem uma firewall humana.

“Você pode agravar uma crise com uma comunicação ruim, mas evitar a escalada com uma boa comunicação. Sem comunicação? Então você realmente tem um problema”, Frank Hoen especialista em comunicação de crise.

Na prática, é difícil construir essa barreira humana da maneira tradicional. Treinamentos anuais e e-mails isolados geralmente têm pouco efeito. Uma formação cibernética eficaz requer um processo de aprendizagem contínuo que responda às últimas evoluções e mantenha os conhecimentos actualizados.

Para tal, é essencial recorrer ao poder da repetição: isto garante que a informação é realmente memorizada e permanece na mente. Esta abordagem não requer mais informação, mas sim uma comunicação mais inteligente. Comunicação que é visível em todos os lugares, apresentada de forma directa e relevante, sem atrapalhar o processo de trabalho. Só assim a mensagem fica gravada sem causar resistência ou reduzir a productividade.

Mesmo com funcionários bem treinados, pode ocorrer uma crise cibernética. Durante uma crise cibernética, a comunicação é vital. É essencial que todos saibam o que está a acontecer, o que devem e, principalmente, o que não devem fazer e através de que canal os funcionários podem obter actualizações fiáveis. Somente com uma comunicação clara e coordenada as organizações podem manter a calma e limitar danos adicionais.

Esperar não é uma opção.

Uma maior resiliência digital começa com as pessoas e a comunicação. Os números falam por si: 72% dos líderes cibernéticos prevêem um risco maior e, em 60% dos casos de violação de dados, a ação humana desempenha um papel importante. As organizações que desejam sobreviver digitalmente devem, portanto, investir em formação e em comunicação de crise. Durante uma crise, não há espaço para improvisação: os funcionários agem de acordo com o que aprenderam e com as informações que recebem, ou não.

Meta vai eliminar 600 postos de trabalho na divisão de IA, segundo a imprensa


A Meta, empresa-mãe do Facebook e do Instagram, vai eliminar cerca de 600 postos de trabalho na sua divisão de Inteligência Artificial (IA), numa medida que, segundo a própria companhia, visa optimizar as operações depois de um período de contratações em massa, noticiaram esta quarta-feira vários meios de comunicação dos Estados Unidos.

De acordo com o The Wall Street Journal e o The New York Times, os cortes não afectarão o TBD Lab, uma unidade criada pelo director-executivo da Meta, Mark Zuckerberg. Este laboratório tem vindo a crescer rapidamente, impulsionado pela contratação de pesquisadores de topo, muitos deles atraídos de empresas rivais como a OpenAI e a Apple, com pacotes salariais bastante competitivos.

As reduções de pessoal vão incidir sobretudo sobre equipas que trabalham com produtos e infra-estrutura de IA, numa tentativa de aumentar a eficiência dos projectos mais ambiciosos da empresa, refere o Wall Street Journal. Ainda assim, parte dos trabalhadores afectados poderá ser realocada para outras áreas da companhia.

O New York Times descreve a medida como uma resposta ao “excesso organizacional” que se seguiu à fase de contratação agressiva voltada ao desenvolvimento do programa de IA da Meta.

Os jornais citam um memorando interno do chefe do departamento de IA, Alexandr Wang, que afirmou que os cortes significam que “serão necessárias menos conversas para se tomar uma decisão”.

Até ao momento, a Meta não respondeu aos pedidos de comentário feitos pela AFP sobre o assunto.

Samsung enfrenta o Vision Pro da Apple com o novo Galaxy XR

Depois de meses de expectativa, a Samsung apresentou oficialmente o seu novo fone de ouvido de realidade mista, o Galaxy XR, desenvolvido para rivalizar directamente com o Vision Pro da Apple.

O dispositivo funciona com o Android XR, sistema operacional do Google, e é alimentado pela plataforma Snapdragon XR2+ Gen 2, da Qualcomm.

Com um preço de 1.800 dólares praticamente metade do valor do Vision Pro , o Galaxy XR já está disponível nos Estados Unidos e na Coreia do Sul. A autonomia promete duas horas de uso geral e cerca de duas horas e meia em reprodução de vídeo.

Ecrã e desempenho

O Galaxy XR vem equipado com um ecrã micro-OLED que oferece 27 milhões de píxeis, ou seja, seis milhões a mais do que o Vision Pro, com uma resolução de 3.552 x 3.840.

A taxa de actualização é de 90 Hz, um pouco abaixo dos 120 Hz do rival da Apple.

O fone de ouvido conta ainda com:

  • duas câmaras de passagem de alta resolução,
  • seis câmaras de rastreamento voltadas para o ambiente,
  • e quatro câmaras de rastreamento ocular.

Em termos de peso, o Galaxy XR é mais leve, com 545 gramas, contra as 750 a 800 gramas do Apple Vision Pro.

Design e conforto

Num comunicado oficial, a Samsung destacou que o Galaxy XR combina materiais avançados, design ergonómico e optimização estrutural para garantir conforto durante o uso prolongado.

“A estrutura ergonomicamente equilibrada distribui a pressão entre a testa e a parte de trás da cabeça, reduzindo o desconforto facial e assegurando um suporte constante”, explica a marca.

Experiências imersivas com IA e apps Google

O Galaxy XR chega com diversas experiências optimizadas para realidade estendida (XR), incluindo Google Maps, YouTube, Circle to Search e Google Fotos.

Os utilizadores poderão, por exemplo, pedir ao assistente Gemini para navegar em Mapas 3D imersivos, encontrar vídeos no YouTube ou converter imagens 2D em 3D no Google Fotos e tudo sem sair do ambiente virtual.

Com o Galaxy XR, a Samsung entra com força no mercado da realidade mista, oferecendo uma alternativa mais acessível e leve ao dispositivo premium da Apple.

Mário Oliveira anuncia nova era das telecomunicações em Angola

Entre as principais prioridades, o governante destacou a expansão da rede nacional de fibra óptica, a implementação de um cabo submarino doméstico e o lançamento do Programa Espacial Nacional, que inclui o desenvolvimento de um satélite de observação da Terra.

Em entrevista à Rádio Eclésia, Mário Oliveira sublinhou que estas iniciativas fazem parte de uma estratégia integrada de modernização, voltada para o reforço da conectividade, a inovação tecnológica e a soberania digital do país.

“Estamos a construir um ecossistema mais robusto, inclusivo e sustentável, capaz de colocar Angola na vanguarda das telecomunicações e da comunicação social em África”.

O ministro anunciou igualmente a modernização da Angola Telecom, a melhoria da gestão e regulação do espectro radioelétrico e a meta de transformar Angola num hub regional de telecomunicações, capaz de integrar e dinamizar o mercado africano das tecnologias de informação e comunicação.

De acordo com o ministro, o futuro do sector assenta em três pilares fundamentais: modernização tecnológica, expansão dos serviços e formação contínua de quadros nacionais.

OpenAI lança navegador Atlas para competir com o Google Chrome

A OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, anunciou esta terça-feira (21) o lançamento do Atlas, o seu novo navegador de internet com inteligência artificial. A ferramenta surge como uma alternativa direta ao Google Chrome, que também tem vindo a incorporar funcionalidades de IA nos últimos meses.

De acordo com a OpenAI, o Atlas já está disponível para notebooks da Apple e deverá chegar em breve ao Windows, iOS (iPhone) e Android.

“Com o Atlas, o ChatGPT pode acompanhá-lo em qualquer lugar da internet, ajudando-o directamente na página onde está, compreendendo o que pretende fazer e concluindo tarefas por si, tudo isto sem necessidade de copiar, colar ou mudar de separador”, afirmou a empresa em comunicado.

A OpenAI revelou ainda que, para os assinantes do ChatGPT, o navegador já chega com o modo Agente integrado, uma funcionalidade que permite ao robô executar tarefas de forma autónoma.

“O modo Agente no Atlas está disponível, em versão prévia, para utilizadores Plus, Pro e Business”, acrescentou a empresa.

Principais funcionalidades do Atlas

  • Memória de navegação: o navegador guarda o histórico das actividades do utilizador, permitindo reabrir páginas, automatizar tarefas e retomar trabalhos interrompidos.
  • Integração com o ChatGPT: é possível abrir uma nova aba para colocar perguntas, pesquisar ou pedir ajuda para escrever, tudo directamente na mesma página, sem alternar entre janelas.
  • Personalização inteligente: o Atlas utiliza dados do histórico, das páginas abertas e dos sites em que o utilizador está autenticado para oferecer respostas e sugestões mais relevantes.

Com o lançamento do Atlas, a OpenAI reforça a sua aposta em integrar o ChatGPT de forma mais natural no quotidiano digital dos utilizadores, transformando a experiência de navegação numa actividade assistida por inteligência artificial.

Congo aposta na maior central hidroeléctrica do mundo para alimentar data centers de IA

A República Democrática do Congo deu início ao lançamento da maior central hidroeléctrica do mundo, que servirá como fonte de energia renovável e acessível para alimentar data centers, num contexto de crescente procura global impulsionada pela Inteligência Artificial (IA).

O Complexo de Inga, localizado no rio Congo, gera actualmente menos de 2 gigawatts de energia, uma pequena fracção do seu potencial estimado em 44 gigawatts, segundo dados divulgados pela Bloomberg.

De acordo com Bob Mabiala Mvumbi, director da Agência de Desenvolvimento de Inga, o governo congolês acredita que parcerias com operadores de data centers poderão ser decisivas para desbloquear todo esse potencial energético.

Com o avanço da IA e da computação em nuvem, o mundo enfrenta uma necessidade de energia sem precedentes. Empresas como a OpenAI e a Oracle Corp. estudam a construção de data centers com capacidade de vários gigawatts, suficiente para abastecer cerca de 900 mil habitações por ano.

O interesse pela expansão de infra-estruturas tecnológicas em África também tem vindo a crescer. Gigantes como a Google, da Alphabet, e a Amazon Web Services (AWS) já anunciaram projectos de grande escala na África Oriental e Austral, revelou Luvuyo Masinda, CEO do Standard Bank.

“Se conseguirmos garantir um fornecimento estável de energia, África continuará a ser um ponto de entrada mais acessível em comparação com os mercados desenvolvidos”, destacou Masinda. “Alguns desses projectos chegam a custar entre 3 e 4 mil milhões de dólares. Nem todos se concretizarão, mas é dessa escala que estamos a falar.”

O local de Inga, no Congo, abriga actualmente duas barragens construídas há mais de quatro décadas. O projecto Grand Inga, que prevê um total de oito barragens, tem enfrentado repetidos adiamentos devido a custos elevados e desafios logísticos. No entanto, o ímpeto para a próxima fase, Inga III, começa a ganhar força, impulsionado pela crise energética que afecta o sector mineiro do cobre no país.

África: cresce a conectividade, mas a exclusão digital ainda resiste

De acordo com o relatório, a África Subsariana permanece como a região menos conectada do planeta. Em 2024, cerca de 10% da população ainda vivia em zonas sem cobertura de banda larga móvel, uma melhoria face aos 13% registados em 2023.

No entanto, a lacuna de utilização continua alarmante: apenas um quarto dos africanos (25%) utiliza a internet móvel, enquanto 72% permanecem desconectados.

A África Ocidental surge como a sub-região mais avançada, com cerca de 30% da população online, impulsionada por investimentos em redes 4G e políticas de inclusão digital. Já a África Central e a África Oriental enfrentam as maiores barreiras, tanto em cobertura como em acessibilidade.

Na África Central, por exemplo, apenas 16% da população está conectada, e a lacuna de cobertura reduziu-se de 34% para 25% num ano, um progresso que, embora notável, continua insuficiente.

África: Empresas defendem cortes fiscais para smartphones acessíveis

O relatório identifica um conjunto de barreiras estruturais que continuam a travar o acesso digital no continente. O custo elevado dos dispositivos e da internet móvel é um dos principais obstáculos, agravado por taxas de importação e impostos específicos sobre serviços digitais.

As desigualdades de género também permanecem marcantes: as mulheres africanas são 29% menos propensas a aceder à internet móvel do que os homens, principalmente devido a diferenças de rendimento, literacia digital e normas sociais restritivas.

Nas zonas rurais, o cenário é ainda mais desafiador. Apenas 25% dos adultos têm acesso à internet móvel, comparativamente a 48% nas áreas urbanas, o que revela uma forte lacuna urbano-rural na digitalização africana.

O relatório destaca a criação de novos instrumentos de avaliação, como o Digital Africa Index (DAI), que integra quatro indicadores essenciais:

  • Mobile Connectivity Index (MCI) — mede a infraestrutura e a acessibilidade;
  • Digital Nations and Society Index (DNSI) — avalia o grau de digitalização de governos, empresas e cidadãos;

  • Digital Policy and Regulatory Index (DPRI) — mede a eficácia das políticas públicas digitais;

  • Mobile Money Regulatory Index (MMRI) — analisa a regulação dos serviços financeiros móveis.

Os resultados revelam que 36 dos 48 países da África Subsariana obtêm pontuação inferior a 50 no DPRI, sinaliza que as políticas e regulações ainda não acompanham a velocidade da transformação digital.

A GSMA defende que o progresso africano dependerá de três eixos fundamentais:

  1. Acesso acessível e equitativo — através da redução de taxas sobre dispositivos e pacotes de dados;

  2. Capacitação digital — com formação em competências digitais básicas e incentivo à participação feminina;

  3. Políticas integradas e previsíveis — para criar confiança e atrair capital privado para infraestruturas digitais.

O relatório recomenda ainda a reforma dos fundos de serviço universal, actualmente subutilizados, e a harmonização das regulações regionais, de forma a permitir economias de escala e promover investimentos sustentáveis.