A informação foi avançada por um executivo sénior da DE-CIX, empresa que opera pontos de troca de tráfego neutros em relação a operadoras e centros de dados na Europa, América do Norte, África, Médio Oriente, Índia e Sudeste Asiático.
Em entrevista concedida esta semana ao ITWeb Africa, Darwin da Costa, responsável pelo desenvolvimento de negócio da DE-CIX, afirmou que os centros de dados, a localização de dados, a adopção da inteligência artificial e a entrada online de países populosos com baixa conectividade — como a República Democrática do Congo — estão a impulsionar o apetite de África pelo consumo de Internet.
“Há actualmente um enorme apetite pelo consumo de tráfego em África. Em resumo, a conectividade do continente está a dividir-se em duas rotas principais: na costa ocidental, a ligação passa sobretudo por Portugal, Espanha e Londres; já na costa oriental, a ligação segue por Marselha ou termina em Frankfurt, na Alemanha. Verificamos que a largura de banda da Internet em África tem crescido cerca de 40 a 50% nos últimos cinco anos.”
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Costa acrescentou que há uma necessidade crescente de desenvolver redes metropolitanas, bem como políticas de encaminhamento (routing) que liguem nós locais, pontos de troca de tráfego locais (IXPs) e o uso de rotas de peering com fornecedores de trânsito internacionais.
Sublinhou também a importância da conectividade por fibra e satélite para os utilizadores africanos. Os provedores via satélite, como a Starlink, que tem vindo a expandir-se no continente, estão a ligar áreas remotas onde a Internet por fibra ainda não chega.
“Se estiver em África e não conseguir aceder a fibra em todo o lado, vai inevitavelmente precisar de satélite, especialmente em zonas agrícolas ou remotas. Se quem não tem acesso à fibra precisar de carregar dados para a cloud, por exemplo, dependerá do satélite. Não devemos subestimar o satélite — a latência da SpaceX, por exemplo, é bastante promissora,” disse Costa.
A Angola Cables, fornecedora de largura de banda, confirma o aumento do consumo de Internet em África.
“Estamos a verificar que a largura de banda da Internet em África tem crescido cerca de 40 a 50% nos últimos cinco anos. Existe uma necessidade crescente de redes metropolitanas e políticas de encaminhamento para conectar nós locais, IXPs locais e utilizar rotas de peering com os fornecedores internacionais,” disse Samuel Carvalho, responsável global de marketing da Angola Cables.
Apesar do crescimento do uso de dados e da variedade de opções de conectividade, as limitações no fornecimento de energia estão a travar parte do potencial. Vários países africanos — como o Zimbabué, Zâmbia e Nigéria — enfrentam cortes de energia frequentes.
Costa acredita que África precisa de muita energia para alimentar pontos de troca de tráfego, centros de dados e estações terrestres que ajudam os serviços de Internet via satélite a reduzir a latência.
Analistas antecipam que os países com fornecimento elétrico mais fiável tornar-se-ão polos atrativos para centros de dados neutros, embora os operadores estejam a apostar cada vez mais em fontes de energia renovável.