Em plena era da interconectividade, o conflito entre nações deixou de se limitar aos campos de batalha físicos. Segundo a Palo Alto Networks, o mundo está hoje mergulhado numa verdadeira guerra fria cibernética — uma confrontação invisível, mas permanente, onde Estados-nação recorrem a ataques digitais com o objetivo de desestabilizar economias, sabotar infraestruturas e conquistar vantagens geoestratégicas.
A diferença em relação ao passado assenta entre a dissuasão nuclear, que outrora mantinha o equilíbrio de forças, e hoje vivermos sob uma ameaça contínua, de baixa visibilidade, mas com um impacto crescente. Os ataques já não se limitam à obtenção de inteligência: são pensados para provocar disrupções concretas em setores vitais.
A nova face do conflito digital
Os protagonistas deste conflito são bem conhecidos — China, Rússia, Irão e Coreia do Norte continuam a liderar a lista de agentes com capacidades cibernéticas avançadas. No entanto, a forma como atuam tem evoluído. A Palo Alto Networks documenta, por exemplo, operações de grupos ligados à Coreia do Norte que se fazem passar por recrutadores de empresas tecnológicas. Após simular processos de recrutamento credíveis, induzem candidatos a instalar malware disfarçado de ferramentas de desenvolvimento.
Saiba o que é o Threat Intelligence (Inteligência de Ameaças)
Mais preocupante ainda é a crescente aliança entre Estados e grupos cibercriminosos. Esta colaboração encoberta, baseada na partilha de técnicas, recursos e plataformas, torna extremamente difícil identificar os autores dos ataques e responder eficazmente. O resultado é um campo de batalha digital cada vez mais opaco e sofisticado.
Todas as organizações estão na linha de fogo
Contrariamente à perceção comum, o risco não está limitado a empresas com ativos estratégicos. O que está verdadeiramente em causa é a superfície de ataque — e esta cresce todos os dias. A transformação digital, o trabalho remoto, a migração para a cloud e a proliferação de dispositivos IoT expõem todas as organizações, independentemente da sua dimensão ou setor.
Hoje, um simples portátil ou até um termostato inteligente pode ser o ponto de entrada para um ataque de largo alcance. E com o recurso crescente à inteligência artificial, os cibercriminosos estão a criar campanhas de phishing quase indistinguíveis da comunicação legítima, pondo à prova até os colaboradores mais atentos.
Prepare-se para o inevitável: cinco medidas concretas
Face a este cenário, a Palo Alto Networks e a sua unidade de inteligência, Unit 42, destacam cinco estratégias fundamentais para as organizações enfrentarem a realidade de um mundo digital em conflito:
- Integrar o risco geopolítico na continuidade do negócio: Organizações que operam além-fronteiras precisam de antecipar ameaças transnacionais e adaptar-se às exigências regulatórias que delas decorrem.
- Adotar uma segurança baseada em identidade e IA: A defesa tradicional perimetral já não é suficiente. É crucial identificar comportamentos anómalos desde a origem, recorrendo a plataformas com inteligência artificial.
- Investir numa abordagem de segurança cloud global: Os criminosos não respeitam fronteiras técnicas ou legais. Qualquer falha, por menor que seja, será explorada.
- Transformar a inteligência de ameaças em ação: Informação por si só não basta. É necessário traduzi-la em decisões operacionais e estratégicas, desde os centros de operações de segurança aos conselhos de administração.
- Redefinir o papel dos líderes tecnológicos: O CIO e o CISO já não são apenas técnicos. São estrategas de resiliência organizacional, responsáveis por preparar a empresa para o risco sistémico de origem cibernética.
A cibersegurança deixou de ser um tema exclusivamente técnico. É uma questão de sobrevivência organizacional, de estabilidade económica e até de segurança nacional.
A guerra cibernética não se anuncia. Já começou. E ignorá-la é, em si, uma vulnerabilidade.